Teatro
Dramáticas brasileiras em torno da personagem mulher
Aline Samsa
Sinopse: “Dramáticas brasileiras em torno da personagem mulher” prevê um registro audiovisual em torno da trajetória de algumas personagens da dramaturgia brasileira. Nesta obra a atriz Aline Samsa pretende investigar poeticamente onde as personagens Branca de “O Santo Inquérito” de Dias Gomes, Neusa Sueli de ” A Navalha na Carne” de Plinio Marcos, Geni de “Toda Nudez será Castigada” de Nelson Rodrigues, Joana de “A Gota d’Água” de Chico Buarque e a Mulher do Padeiro de “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna se encontram enquanto figuras femininas criadas e retratadas pelo olhar de dramaturgos refletido o contexto social, político e religioso do país.
A Espera
Lucí Rose da Cunha e Francisco Alcides (atuação e criação) e Bárbara Guilherme (produção e videomaker)
Sinopse: Num quarto fechado de pensão, um ator representa a mente e uma atriz representa o corpo. O Corpo repete uma absurda rotina de limpeza, todos os dias a mesma coisa, tão incomodada com a presença da Mente que nem quer que a toque. Já a Mente, à espera duma harmonia entre eles, tenta se apaziguar declamando poesias de Camões.
As Donas da Casa
Clara Letícia Freitas Lopes
Sinopse: A história de cinco gerações de mulheres de uma mesma família, cujo infortúnio de perder um amor se repete e é relacionado a um acontecimento ocorrido em meados do século 20, e como essas mulheres mostraram-se fortes e vencedoras diante das adversidades que a vida lhes proporcionou. Uma homenagem a todas as mulheres fortes que assumiram e assumem seus lares física, financeira e emocionalmente, tornando-se assim as “donas da casa”.
Super coach digital de como reverberar o intransponível saber híbrido da arte e suas subjetividades
Ellen Karine de Souza Prestes (atriz, videomaker e produtora) e Carlos Eduardo Padovani Gouvea (ator e videomaker)
Sinopse: Surpreendida pelas mazelas da pandemia e isolada em quarentena, Mercy se vê impossibilitada de divulgar suas obras de arte. Decidida a compartilhar suas obras e seu conhecimento a respeito delas com o mundo, elabora um workshop de coach online na expectativa de conseguir milhões de seguidores assíduos. Concomitantemente ela usará todas as ferramentas de legitimação artística para direcionar seu único e fiel seguidor : Ás de Copas rumo ao reconhecimento no mercado da arte. Será Mercy capaz de divulgar suas obras e seus conhecimentos? Ela saberá utilizar o aplicativo de reuniões online? Ás de Copas alcançará um lugar ao sol no meio excêntrico da arte?
Movimentos Incessantes de uma Mente Inquieta
Ellen Karine de Souza Prestes (atriz, videomaker e produtora) e Carlos Eduardo Padovani Gouvea (ator e videomaker)
Sinopse: Um registro em vídeo de um depoimento real do próprio ator intérprete, diagnosticado com depressão no início do isolamento social decorrente da pandemia do Covid 19. Traçando um paralelo com trechos da obra de Machado de Assis, um nome de suma importância na literatura brasileira, também diagnosticado com depressão após o falecimento de sua esposa e 4 anos antes de sua morte. A obra ora contrasta, ora converge as ideias desses dois homens acometidos por essa doença, e nos leva a refletir que a dor humana é atemporal, e que existem similaridades independente da época que estamos. As inserções de uma atriz na narrativa, sempre com trechos de Machado de Assis, sugere um amor platônico entre o artista e ela, uma relação de dependência e auto comiseração, onde essa figura assume também a personificação da depressão que assola seus dias de confinamento. O que leva o espectador a questionar se essa mulher existe ou é só fruto de uma mente depressiva e ansiosa.
Ensaio sobre as margens
Gustavo Henrique Costa (ator) e Thiago Domingues (diretor)
Sinopse: monólogo que aborda os conflitos humanos internos e externos sob a perspectiva da população de rua, contando histórias reais, tiradas dos relatos da rua; a dramaturgia propõe reflexões sociais e filosóficas sobre a vida, valores humanos e os diversos julgamentos que o ser humano faz sem conhecer a história de cada pessoa. A pergunta que permeia toda a peça é: “Qual o seu sonho?”. “Ensaio sobre as margens” é uma avaliação crítica sobre as propriedades, a qualidade e a maneira de quem vive nas ruas; deixa-se cair por terra a vitimização, o romanticismo e nos coloca no local de refletir como nós enxergamos essa população. Para alguns a rua é refúgio, para outros, fuga, para outros ainda testar o empírico. Para alguns a população de rua são vagabundos; para outros, coitados, para outros ainda, precisam de um milagre. Para nós, a população de rua são apenas seres humanos que buscamos entender, como todos os outros. Temas como a fé, a dignidade, a gratidão são subtextos nesta primeira parte trazendo a reflexão: quão diferente eu sou da pessoa que mora na rua?
Shakespeare em Solo
João Veras de Carvalho
Sinopse: monólogos dos textos teatrais Tímon de Atenas e Hamlet, de William Shakespeare. Com 15 minutos de duração, a proposta pretende reverenciar o clássico em uma forma inédita de montagem. Aliando o tradicional teatro Shakespeariano ao registro audiovisual de uma apresentação teatral, o projeto traz à tona não só a contínua relevância da obra de William Shakespeare até os dias de hoje, mas também a necessidade da reinvenção de um fazer teatral na modernidade afetada pela Covid-19
Depois da novena
Lisete Maria Pecoraro (dramaturga e atriz), Vivi Masolli (atriz), Jheniffer Escobar (Operadora de câmera e editora), Rebeca Siqueira Konopkinas (iluminadora) e Lucas Lima (ator)
Sinopse: Inspirado nos ”causos“ do cancioneiro popular, “Depois da novena” é um conto de terror leve e ingênuo, uma comédia arrepiante que pretende divertir crianças e adultos. Nessa encenação teatral apresentada em vídeo, os atores nos contam a história de Graça e Rosário, que estavam na casa de dona Bentinha fazendo novena pra encontrarem marido. Saindo da reza, a caminho de casa, elas conhecem Alfredo. Parece que Santo Antônio começou a operar seus milagres… ou não.
Performance Lar
Luiza Bittencourt
Sinopse: O termo lar é usado muito comumente pelas pessoas para descrever o local onde vivem e que está intimamente associado com uma sensação de segurança, conforto, pertencimento e calma. Mas o que acontece quando o lugar que deveria ser o seu “lar” se torna seu cativeiro, um lugar de medo, solidão e dor?
R.I.P. – Retratos e Investigações Pandêmicas
Marcelo Raulino Silva (ator), Bruna Ropelle Felippi (atriz), Julia Faria de Oliveira (atriz), Luciane Aparecida Silva (atriz), Rafael Viana Tavares (ator), Renato Augusto Lupianhi (ator), Willian Penna Cayres (ator), Aline Cristiane de Souza (direção, dramaturgia e produção), Lucas Moreira da Silva (produção e filmagem)
Sinopse: Inspirado livremente na obra literária do irlandês Samuel Beckett, um dos maiores escritores do século 20, o “R.I.P. – Reflexões e Investigações Pandêmicas” propõe sintetizar em um registro audiovisual três momentos de interação social: “Antes/Depois”, “Quadrado” e “Não eu, ele não”. São sete atores em uma jornada pelas principais questões abordadas pelo autor em suas obras, na qual as personagens trazem à cena toda a humanidade, com suas dores, perplexidades, medos e anseios, diante de um cenário insólito sem perspectivas de mudança.
Quitanda de histórias
Marcelo Raulino Silva (ator, produtor e produção), Rafael Viana Tavares (ator, adaptação do texto e produção), Kleyson Rodrigues do Prado (arte e produção) e Daniel Fernando Mateus (direção, iluminação e produção)
Sinopse: Baseado na peça “O Médico à Força” de Molière, três feirantes descobrem o universo dos livros e do teatro partindo para uma viagem única dentro de uma história centenária de um dramaturgo extremamente importante para à história do teatro. Contando com um enredo recheado de criatividade, ludicidade, comédia, farsas, palhaçaria e bonecos, essa história promete surpreender ao mesmo tempo que diverte.
Hécuba
Priscila Cristina Modanesi
Sinopse: Hécuba rainha. Hécuba mulher. Hécuba mãe. Hécuba, cativa de guerra. Hécuba cadela. As várias faces de Hécuba se apresentam contaminadas umas nas outras e, muitas vezes, não é possível dissocia-las, nem que seja necessário também, porque Hécuba pulsa e transmuta diante de tudo que se passa diante de si. O seu coração, as suas vísceras e as suas ações são movidas pela passionalidade feminina e materna, humana e animal. Hécuba carrega em si os horrores da guerra, a impotência diante da guerra, a voz silenciada, o trauma, as perdas. O corpo gasto e cansado parece se revestir de força bruta, ânsia sobrenatural, um grito que ecoa, um grito árido, ferida aberta. A personagem Hécuba é o ponto de partida para a construção deste solo teatral, a partir da pesquisa de três obras principais: “As Troianas” e a obra homônima “Hécuba”, ambas de Eurípedes e “As Troianas”, de Sartre. Hécuba é a segunda mulher de Príamo e rainha de Tróia. Após a queda de Troia, os gregos, vitoriosos, desejam partir de volta à Pátria, mas suas naus ficam retidas no Quersoneso Trácio por falta de ventos favoráveis. Neste ínterim, o fantasma de Aquiles aparece aos gregos para pedir-lhes que seja sacrificada sobre seu túmulo a virgem Polixena, uma das filhas de Príamo e Hécuba. Enquanto a mãe prepara os funerais da filha sacrificada, descobre que também morreu Polidoro, seu filho mais novo, que fora confiado pelo pai durante a guerra de Troia a Polimestor, rei do Quersoneso Trácio, levando consigo parte dos tesouros do rei dos troianos. É quando Hécuba apela a Agamêmnon para que vingue a morte do filho. Com a ajuda de suas escravas, ela atrai Polimestor e seus filhos à sua tenda, onde, com suas companheiras de cativeiro, mata os filhos do anfitrião traidor e arranca seus olhos. Cego e desesperado, Polimestor revela que o oráculo de Dioniso previra a transformação de Hécuba em cadela, antes de morrer lançada ao mar pelos ventos. De forma simbólica, essa transmutação de Hécuba em cadela nos traz essa condição de desumanização pela qual ela passa, afinal perde todos os seus filhos, perde a coroa, perde o lar e a pátria. Assim, como um animal acuado, ela se lança contra a ameaça e não se importa com as consequências, porque é movida pelos instintos selvagens. No artigo “O agir feminino em Eurípides: Hécuba e a memória sensitiva das mães”, Fábio de Souza Lessa coloca: “Hécuba pode ser entendida, à superfície, como uma tragédia de compreensão acessível, pois os temas tratados por Eurípides são recorrentes, inclusive no mundo contemporâneo, como as crises geradas pela guerra e seus paradigmas de sofrimento: a derrota e a solidão, todos conduzidos ao extremo” A saga de Hécuba remete ao arquétipo universal da opressão dos povos em meio às guerras e conflitos. Sendo assim, Hécuba é a rainha chorando seus mortos em Troia, mas também a mãe carioca que perde o filho num tiroteio, a mãe separada dos filhos na fronteira entre Estados Unidos e México, há “Hécubas” na guerra travada entre nazistas e judeus, americanos e mulçumanos, indígenas e europeus. A Hécuba de ontem e de hoje é despojada de tudo: lar, família, dignidade. Ela vê seus filhos e filhas serem mortos, ela vê as casas em chamas e não há saída satisfatória que possa aplacar a fúria dos homens em guerra. Ainda no artigo “O agir feminino em Eurípides: Hécuba e a memória sensitiva das mães”, Fábio de Souza Lessa também nos traz a reflexão: “Hécuba reflete acerca da guerra e de seus desdobramentos. As troianas cativas sintetizam o drama que os conflitos bélicos proporcionam, mas, ao mesmo tempo, emergem na ação em prol da defesa de ideais inerentes à solidariedade coletiva, hospitalidade, civilidade e liberdade […] A dor de Hécuba diante dos corpos dos filhos, afinal a tragédia de Eurípides tem muito a nos dizer sobre essa intensidade sensorial que melhor se expressa por meio da perda. Mais do que a condição de escrava, é a privação de tudo que os corpos-presentes dos filhos poderiam proporcioná-la que a move tanto na luta para poupar Polixena do sacrifício a Aquiles quanto na sua vingança contra Polimestor. A morte dos filhos priva Hécuba de tudo que a família poderia oferecê-la: conforto na velhice, proteção, em síntese, sentido. Mas, por outro lado, lhe permite algo que ideologicamente a sociedade grega, ou, mais especificamente, ateniense, quis vedar às mulheres: a fala e o agir”.
Sentimentos do Mundo
Rafael Alencar Lopes
Sinopse: Uma imersão Teatro-Visual na obra “Sentimento do Mundo” do poeta Carlos Drummond de Andrade. Através de imagens e sons, o ator Rafael Lopes torna-se Drummond e Leitor ao entrar na cabeça desse poeta.
4/4 (Quatro Quartos)
Ricardo Dal Checo de Assumpção (ator), Samuel Leone (ator), Daiane Barras Guirau (atriz) e Vitor Salgado Camaroni (ator)
Sinopse: O que você faria se no meio da sua caminhada se perdesse dentro de você mesmo? E se de repente, descobrisse que tudo à sua volta só acontece, ou deixa de acontecer, de acordo com o que você sente? O mesmo dia de sol pode estar intenso demais para você e um pouco nublado para o outro, tudo depende de como a sua mente está, o seu emocional, a sua maneira de enxergar fora e dentro de si mesmo. Nessa história conheceremos quatro pessoas, nada em comum, até então… O que sabemos é que não visitam suas mentes há muito tempo e resolvem se hospedar em um hotel, por motivos que desconhecemos, numa cidade que também não sabemos. Mas, afinal, eles sabem? Ao se deparar com suas próprias fraquezas, fugir já não é algo simples, sem noção do tempo, aprisionados em seus quartos mergulham em seus devaneios, confundindo sua realidade com seu delírio, ou seria o contrario? As portas já não se abrem mais. E se a única maneira de sair desse quarto fosse uma carta, o que você escreveria?
Fobias
Ricardo Dal Checo de Assumpção
Sinopse: Preso dentro de sua própria casa há 3 anos e 17 dias, um homem se vê com a única motivação de contar os dias, como companheiros apenas um relógio antigo, um tapete desgastado e uma goteira no telhado. Ali, ele observa cuidadosamente o movimento da rua por uma fresta na janela, e reforça sua vontade de nunca mais sair. Dentre suas lamentações, a vida é discutida, com seus medos e angústias. O que podemos esperar de uma vida feliz? O que temos a ganhar com as relações humanas? Será realmente impossível ser feliz sozinho? O monólogo escrito em 2008 por Ricardo Assumpção, mas nunca encenado, revive em um momento de privações sociais em todo o mundo, e traz a tona temas como solidão, solitude, ansiedades e fobias.
Aristófanes na Contemporaneidade
Stephanie Leite
Sinopse: Lisístrata, escrito por Aristófanes, é uma comédia em que as mulheres estão sofrendo com os horrores da Guerra do Peloponeso. Lideradas por Lisístrata, as mulheres tanto de Atenas quanto de Esparta se trancam na Acrópole prometendo sair apenas quando houver paz entre as cidades.
Processos criativos, o jogo teatral e a construção de espetáculos
Thiago Domingues
Sinopse: Os jogos teatrais de Viola Spolin revolucionaram o modo de ensinar e fazer teatro e isso não se reduz apenas à sala de aula, mas sim a todo o fazer teatral. Diante destes fatos é possível questionar: o que o jogo tem de especial que possibilita um resultado de aprendizado teatral tão fascinante? Como os grupos de teatro estão se utilizando do jogo para construir suas cenas e personagens? A palestra busca responder essas questões, com as quais me identifico e, nesse sentido, descrever as etapas de uma montagem teatral e debater sobre possibilidades de processos criativos a partir dos jogos teatrais
Uma vida na luz
Silviane Ticher
Sinopse: Silviane Ticher é iluminadora desde 1990 onde começou com a cia Rick e kelly e ai foi galgando seu espaço pelo mundo teatral e foi adquirindo experiências pelo brasil e pelo mundo sempre iluminando grandes projetos e de diversas área tendo experiência em dana, exposições , shows e teatro mas nunca deixando os grupos de Jundiaí do qual faz partes de suas produções principalmente o grupo Performático Éos .
[In]Sônias
Vânia Feitosa (produção), Priscila Cristina Modanesi (atriz, dramaturgia e direção) e Aline Cristiane de Souza (atriz)
Sinopse: [In]Sônias traz Sônias, assim no plural, porque Sônia não está só. Sônias somos muitas, morrendo diariamente, agora, tendo seus corpos e almas, sonhos e perspectivas violados.
A morte de Sônia faz parte de uma construção social milenar, em que a mulher é vista como objeto, seja de desejo, seja de dominação e por isso sofre as consequências através dos atos de seu dominador.
O processo criativo de [In]Sônias começou em 2019 e, nesta no, por conta da pandemia do COVID-19, interrompemos o processo presencial e temos feito reuniões virtuais para continuar a pesquisa e estudos para criação do espetáculo.
A provocação inicial se deu a partir da leitura e investigação da obra “Valsa nº 6”, do dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues. Aos quinze anos, a menina seria apresentada à sociedade num baile, tocaria piano exibindo suas habilidades e seria observada por muitos olhos que a avaliariam, como o novo produto no mercado, seria Sônia própria para o casamento? Seria Sônia uma mocinha séria? Mas o desfile foi interrompido por um escândalo e as vozes que ecoam em Sônia são de fofocas, de pessoas insinuando que ela teria se envolvido com um homem mais velho. Casado! Sônia é o alvo. Todos querem ver a morta, todos querem saber os detalhes profanos sobre ela. Mas, e sobre o assassino? Quem é? Por que matou?
A partir daí, começamos a direcionar nosso olhar para o tema da Pedofilia e o texto de Nelson passou a constituir alimento ao nosso imaginário, transformando sua Sônias em todas as “Sônias” assediadas e mortas diariamente no Brasil e no mundo.
Sôni_s, Mari_s, Luiz_s, Cláudi_s. Os abusos não escolhem gênero nem classe social, eles simplesmente acontecem todos os dias.
A pedofilia está entre as doenças classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os transtornos da preferência sexual. Pedófilos são pessoas adultas (homens e mulheres) que têm preferência sexual por crianças – meninas ou meninos – do mesmo sexo ou de sexo diferente, geralmente pré-púberes (que ainda não atingiram a puberdade) ou no início da puberdade, de acordo com a OMS. O código penal considera crime a relação sexual ou ato libidinoso (todo ato de satisfação do desejo, ou apetite sexual da pessoa) praticado por adultos com criança ou adolescente menor de 14 anos. Conforme o artigo 241-B do ECA é considerado crime, inclusive, o ato de “adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.” A maioria dos pedófilos são homens, e o que facilita a atuação deles é a dificuldade que temos para reconhecê-los, pois aparentam ser pessoas comuns, com as quais podemos conviver socialmente sem notar nada de anormal nas suas atitudes. Em geral têm atividades sexuais com adultos e um comportamento social que não levanta qualquer suspeita. Eles agem de forma sedutora para conquistar a confiança e amizade das crianças.
O termo abuso sexual é utilizado de forma ampla para categorizar atos de violação sexual em que não há consentimento da outra parte. Fazem parte desse tipo de violência qualquer prática com teor sexual que seja forçada, como a tentativa de estupro, carícias indesejadas e sexo oral forçado. No Brasil, a Lei 12.015/2009 integra o Código Penal e protege as vítimas nos casos dos chamados “crimes contra a dignidade sexual”. Apesar da existência da legislação e dos órgãos protetores, parte das vítimas de abusos sexuais apresenta resistência em denunciar os agressores. Entre os motivos da omissão da violência, estão medo (de ser julgada pela sociedade; de sofrer represália quando o agressor é uma figura de poder ou considerada pessoa de confiança), vergonha, burocracia das investigações e sensação de impunidade no julgamento dos culpados. Segundo dados do Ministério da Saúde, a maior parte das vítimas de estupro é constituída de crianças e adolescentes, em torno de 70% dos casos denunciados. Os agressores mais recorrentes são membros da própria família ou pessoas do convívio da vítima.
Mas, e a sociedade? Essa que cala Sônias ao redor do mundo para que um escândalo não venha à tona e destrua a família? E o que é ser uma Sônia nessa contemporaneidade em que tudo é virtual e se torna objeto de julgamento dos juízes das redes sociais? Quantas Sônias são inocentadas ou culpabilizadas diariamente, sem o menor conhecimento de causa, sem o menor respeito pela família da vítima, sem o menor respeito pela própria vítima? A constante proliferação de casos viralizados nas redes sociais e o número de comentários de “haters”, “likes e dislikes”, a criação de inúmeros “memes”, a exposição a partir de fotos, vídeos, “prints” e a conclusão de que existem ainda muitas pessoas que tendem a culpar a vítima e legitimar o agressor faz com que o universo que cerca a agressão sexual continue perverso e impune. Quantas Sônias se omitem por medo? Quantos assassinos teclam, assediam e destroem vidas através de seu perfil fake?